Cerca de 300 manifestantes protestaram nesta terça-feira, 17, em frente ao prédio da prefeitura de Caetité (a 753 km de Salvador), contra a entrada da carga de urânio na cidade, enquanto acontecia um reunião a portas fechadas entre representantes do Ministério Público Estadual, prefeito, prepostos da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), Comissão Pastoral do Meio Ambiente (ligada à Igreja Católica), dentre outros. Com carro de som e faixas com o símbolo da radioatividade estampado, manifestantes gritavam “Caetité não é lixeira”. Estudantes da rede pública e universitários do curso de Biologia da Universidade da Bahia (UNB) também marcaram presença. Ativistas do Greenpeace chegaram à cidade no início da tarde mas não participaram da manifestação.
O prefeito de Guanambi, Charles Fernandes, tentou entrar com uma ação no Ministério Público contra os responsáveis pela carga de urânio, ele só não concluiu a denúncia porque o juiz disse que não cabia isso agora.
De acordo com o Secretário Estadual do Meio Ambiente, Eugênio Spengler, representantes de movimentos sociais, técnicos da agência nuclear brasileira INB e representantes da Secretaria do Meio Ambiente se reuniram e decidiram formar uma comissão com dez pessoas, que vai acompanhar os técnicos em inpeção, a fim de assegurar que a carga não oferece riscos à população.
Foi extendido o prazo de mais 24 horas para a carga continuar em Guanambi, esse prazo termina ao meio dia desta sexta-feira(18), quando nova inspeção será feita e em seguida reunião para decidir o destino da carga.
O governo do estado afirma que está preocupado com a situação porque a carga não pode ficar em Guanambi, precisa chegar ao destino final.
PREFEITO SERIA FUNCIONÁRIO DA INB
O prefeito de Caetité, José Barreira (PSB), seria funcionário afastado das Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e esta não seria a primeira vez que a cidade do sudoeste baiano recebe carga radioativa. A denúncia foi feita ao Bahia Notícias pelo ambientalista Marcell Moraes, presidente do Grupo Ecológico Amigos da Onça (Geamo), que promete reunir manifestantes, nesta quarta-feira (18), para protestar no local. Outro reclame, de acordo com ele, acontece na manhã desta terça (17), em frente à sede da prefeitura. “Não vamos retroceder na luta contra esses abusos”, considerou o militante verde. Conforme Moraes, uma catástrofe esteve próxima de acontecer, pois habitantes tentaram violar a carga para conferir se havia lixo nuclear – o que causaria grande dano ambiental – e, até agora, nenhum representante do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) compareceu à região. De acordo com a INB, as carretas transportam 90 toneladas de concentrado de urânio, produzido na mina do município. Um pedido de investigação sobre o material já foi requerido pelo senador Walter Pinheiro (PT) ao Ministério Público Federal (MPF).