A Nokia oficializou nesta quarta-feira (26) uma mudança de estratégia em sua área de smartphones, adotando o sistema operacional Windows Phone nos celulares inteligentes. Os primeiros aparelhos da fabricante finlandesa a rodarem a plataforma são o Lumia 800 e Lumia 710. Os aparelhos devem chegar ao Brasil no final do terceiro trimestre de 2012.
Os apresentadores do evento de Londres – entre eles o diretor-executivo Stephen Elop – praticamente não divulgaram detalhes de hardware dos aparelhos. A apresentação dos smartphones foi voltada para a nova plataforma – que substituirá a Symbian – e serviços, mostrando qual é o foco da fabricante
- Stephen Elop, diretor-executivo da Nokia, apresenta primeiro smartphone da empresa com o sistema operacional Windows Phone, da Microsoft
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Somente nos estandes de demonstração foi possível conhecer detalhes sobre o hardware da linha Lumia. O modelo 800 tem processador de 1.4 GHz, câmera de 8 megapixels com lente Carl Zeiss, tela Amoled de 3,7 polegadas, capacidade de 16 GB, e 512 MB de memória RAM. O 710 tem processador de 1.4 GHz, câmera de 5 megapixels, tela de 3,5 polegadas, 8 GB para armazenamento e 512 MB de RAM.
Os aparelhos serão lançados em alguns países da Europa em novembro, por 420 euros (Lumia 800) e 270 euros (Lumia 710). Almir Luiz Narciso, presidente da Nokia no Brasil, afirmou que os aparelhos chegam ao país no final do terceiro trimestre de 2012. Ele negou que a data local de lançamento seja 13 de fevereiro, sugerida por rumores.
Os dois aparelhos terão GPS gratuito e um novo serviço também gratuito chamado Mix Radio, que funciona como uma rádio online – o usuário pode baixar arquivos musicais que ficarão disponíveis por 24 horas, caso queira ouvir as músicas offline. No Brasil, a opção de download não estará disponível.
Conheça alguns dos celulares lançados pela Nokia
Experiência Lumia 800
Apesar de o hardware do Lumia 800 indicar robustez o bastante para concorrer com outros fabricantes de peso (o iPhone 4S, da Apple, e os modelos Galaxy SII e Nexus, da Samsung), seu destaque fica mesmo por conta do sistema operacional da Microsoft – prova disso é o fato de os executivos não terem sequer detalhado o hardware durante suas apresentações. A nova plataforma é o principal diferencial, pois o aparelho em si é bastante parecido com essas alternativas de outras grandes empresas.
No evento, a Nokia descreveu o Windows Phone como uma plataforma que leva apenas as informações mais importantes para a tela do aparelho, dispensando a exibição de diversos aplicativos. Esse conteúdo – notícias, contatos, fotos, músicas e filmes, por exemplo – é todo organizado em blocos.
O dono do aparelho escolhe de forma fácil (clicando em uma tachinha como aquelas usadas um murais de cortiça) se os blocos serão ou não exibidos na tela principal. Também é possível criar subgrupos dentro desses blocos (“amigos da faculdade” dentro de “amigos”) ou levar à tela de início uma única informação desagrupada (o site favorito ou contato da pessoa para quem mais telefona).
Talvez o bloco mais útil e inovador desses todos em relação às alternativas da concorrência seja o de “pessoas”, que reúne todas as formas de contato com um único conhecido. Ao selecionar “Maria”, por exemplo, é possível visualizar seu telefone, e-mail, chat do Facebook, mural do Facebook, Twitter e MSN. O contato é feito com um clique: basta selecionar a alternativa.
O uso do Windows Phone – que no Brasil já está disponível no aparelho Titan, da HTC – é de fato bastante intuitivo e descomplicado. Nos testes feitos pelo UOL Tecnologia com o Lumia 800 durante o evento em Londres, o aparelho se mostrou rápido ao responder os comandos, indicando a boa sensibilidade de sua tela sensível e também velocidade do processador de 1,4 Ghz.
Um destaque positivo do hardware fica por conta do botão dedicado a fotos – segundo a exibidora, o tempo calculado entre tirar o celular do bolso e fazer a foto é de 7 segundos (se o aparelho estiver bloqueado, basta apertar e segurar o botão até que a câmera ligue sem dar acesso a outras funções do aparelho).
Estratégia
A mudança representa uma tentativa para a empresa que mais vende celulares no mundo deixar de perder participação no mercado de smartphones (para então, possivelmente, voltar a ganhar). Essa redução vem sendo observada claramente nos últimos anos, com a popularização dos aparelhos da Apple e, principalmente, dos celulares inteligentes que rodam o sistema Android, do Google.
De 2007 a 2009, segundo dados da consultoria Gartner, a Nokia manteve a liderança nas vendas de celulares em todo o mundo (considerando não apenas os smartphones) com uma fatia semelhante de participação de mercado: 37,8% (2007; 435,4 milhões de unidades comercializadas), 38,6% (2008; 472,3 milhões) e 36,4% (2009; 440,9 milhões). Em 2010, a participação teve forte queda, ficando em 28,9% com 461,3 milhões de aparelhos comercializados em todo o mundo.
De 2009 para 2010, quando caiu a fatia da Nokia, a plataforma Android cresceu 888,8%, segundo o Gartner. Com isso, tornou-se o segundo sistema operacional mais popular entre os smartphones comercializados no mundo (22,7%; 67,2 milhões de aparelhos), perdendo apenas para o Symbian, da Nokia (37,6%; 111,5 milhões de unidades).
Para 2011, a previsão do Gartner é que o Android desbanque o Symbian pela primeira vez (38,5% contra 19,2% do sistema que está sendo abandonado pela Nokia). Ainda nas análises referentes a 2011, aparecem a Apple com seu iOS (19,4%), a Research in Motion, do Blackberry (13,4%), e o sistema operacional da Microsoft para portáteis (5,6%).
O Gartner estima ainda que, em 2015, o Windows Phone tenha 19,5% do mercado, atrás do líder Android (48,4%). Até lá o Symbian, que já foi líder, terá apenas 0,1% do setor, ainda segundo a consultoria.